quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Austrália oferece ajuda a Assange

O governo australiano ofereceu nesta quarta-feira proteção consular ao fundador do WikiLeaks, Julian Assange, que está preso em Londres e que acusou o Executivo de seu país de conivência com os Estados Unidos para "matar o mensageiro".

A Embaixada da Austrália no Reino Unido contatou Assange para checar se ele tem representação legal e pode receber visitas como qualquer outra pessoa na mesma situação, anunciou o ministro de Relações Exteriores, Kevin Rudd.


Rudd ressaltou que qualquer cidadão tem direito à presunção de inocência, horas depois que o homem mais procurado do mundo até esta terça-feira assinou um editorial no qual denunciou que seu país está colaborando com os EUA para "matar o mensageiro" e ocultar a verdade.

O chefe da diplomacia australiana atribuiu a culpa do fluxo de informações publicadas pelo WikiLeaks às pessoas que vazaram as mensagens e ao Governo americano, por não proteger de forma adequada seus documentos confidenciais.


"A conclusão aqui é que o núcleo de tudo isto está no fracasso do Governo dos Estados Unidos em proteger com eficácia suas próprias mensagens diplomáticas", disse Rudd à rádio Melbourne.

"As sociedades democráticas precisam de meios de comunicação fortes e o WikiLeaks é parte disso. A mídia ajuda os Governos para que sejam honestos, e revelamos verdades sobre as guerras no Afeganistão e Iraque e a corrupção empresarial", declarou ao jornal "The Australian", que pertence ao grupo News Corporation, do magnata Rupert Murdoch.

Assange lembrou que o pai de Murdoch foi o primeiro que contou ao mundo o horror da Batalha de Gallipoli durante a Primeira Guerra Mundial. "Quase um século depois, o WikiLeaks está divulgando sem medo informação que deve ser conhecida pelo público", declarou o australiano de 39 anos.

Um dos líderes mundiais para os quais as revelações do site foram mais comprometedoras é o próprio Rudd, tachado por diplomatas americanos de "obsessivo" e "incompetente" quando foi primeiro-ministro, entre 2007 e 2010.

"Francamente, não me importa", comentou o agora ministro das Relações Exteriores após ser perguntado reiteradamente a respeito do WikiLeaks durante uma entrevista coletiva em Brisbane.

Rudd não deixou claro se Assange será processado ou não pela Justiça australiana quando retornar ao país, onde a Polícia investiga suas atividades por ordem do procurador-geral, Robert McClelland.

O ex-primeiro-ministro conservador John Howard opinou que Assange não deve ser processado porque "todo jornalista publica informação confidencial quando a obtém".

"O importante é se o material e sua divulgação podem pôr em risco a vida das pessoas e a segurança nacional dos países (...) A culpa é daqueles que enviaram as mensagens, eles é que devem ser perseguidos", declarou Howard, cujo mandato foi marcado por uma forte aliança com os EUA.

Nesta semana, o WikiLeaks também divulgou que Rudd advertiu aos Estados Unidos que deviam estar preparados para utilizar a força com a China, além de ter dito à secretária de Estado americana, Hillary Clinton, que os líderes chineses eram "paranoicos" a respeito de temas como Taiwan e o Tibete.


Extraido de UOL Notícias Internacionais

Um comentário:

  1. A prisão de Assange é Intolerancia total Mizael!
    E um estupro à liberdade de expressão!
    Pior é que em nenhum canto dessa sociedade banhada pelo poder da comunicação em massa e da reprodutibilidade há qualquer protesto contra a intolerancia e falta de liberdade de expressão!

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